June 1, 2011

distressing opinions and all kinds of unsolicited advice

Vou colocar no mesmo saco duas coisas: opiniões fora de lugar e conselhos não solicitados. 

Às vezes me ponho a pensar em que ponto é que as pessoas decidem que a vida de alguém deixa de ser problema só dela e passa a ser objeto de assembleia. Tem gente que nasce com ponteiro do bom senso na reserva. E, convenhamos, há poucas coisas mais desgraçadas que um palpite infeliz.

Eu não deveria dar muita bola pra isso, mas essas coisas me inquietam. Eu, que já sou muito sensível a respeito das injustiças cotidianas, vejo que minha paciência é alvo fácil para esses pseudoterapeutas de plantão. Tenho a sensação de que muitos pitacos são uma tentativa frustrada de apropriação da vida alheia, veja só. É até um pouco sinistro, na realidade.

O caso é que creio que os palpites sempre são desnecessários, especialmente quando não foram pedidos. Aí, então, nem se fala. Mas eu não costumo seguir as regras estabelecidas: talvez seja essa a fonte de inspiração desse bando. Sou uma pessoa bem independente, ligeiramente impulsiva, um pouco moralista e antisentimentalóide mesmo in extremis. Por isso me parece penoso que aqueles que choram a morte do bezerro venham dar palpite na vida do próximo. Até mesmo porque, via de regra, se trata de gente infeliz, dona da vida mais chata e aborrecida do mundo, e que gasta muito tempo e dinheiro em várias formas de autodestruição. Acho que as pessoas interessantes não costumam encontrar tempo para isso.

this is what i think of your judgment 
A minha vida não é a mais intensa e rocambolística do universo, mas está cheia de abelhudos. E cabe comentar que lidar com esse tipo de comportamento é complicado porque o opinante normalmente não compreende o ofendido. Nunca. Além do mais, os conselheiros compulsivos costumam pedir (meus) conselhos. Aí vem o dilema do prisioneiro porque a lei de Murphy se aplica perfeitamente à análise do pitaco. Veja bem:

a. dar conselho é roubada na maioria das vezes
  a.1. quando seguem um conselho, se fodem.
  a.2. quando não seguem um conselho, se fodem.
    a.2.1. voltam com as mesmas penas, somadas ao desastroso resultado de a.2., jurando que desta vez seguirão o seu conselho. Aí, voltamos a a.1.
b. aconselhar conselheiros compulsivos não só reforça esse mau comportamento, como também lhes outorga o direito de devolvê-los todos, um a um.


11 comments:

  1. compartilho de idéias semelhantes. mas também tenho consciência de que pedimos conselhos, mesmo sem querer realmente um conselho. isso é o caso de um desespero, quando sabemos o que deve ser feito e mesmo assim perguntamos (porque de fato não gostaríamos de fazer o que seria o "correto"). como pedir uma permissão. é que tem gente que leva isso ao pé da letra. e geralmente essas pessoas costumam ser incovenientes em quase tudo o que fazem, hahahah. agora, em se tratando de pessoas com formação em psicologia o "conselho" é uma constante. abstenho-me sempre na condição de não dar o pitaco, o que faz com que afaste esse tipo de gente. até certa medida são ossos do ofício e quer queira quer não, temos que aprender a lidar com os que cismam com uma consultinha.
    por obséquio, a tirinha do cachorro é ótima! continue a escrever! beijos

    ReplyDelete
  2. isso quer dizer: acabo de dar um pitaco ao pitaco. uma cilada, Bino!

    ReplyDelete
  3. Pri, estou super feliz que você resolveu passar por aqui! Olha, vi seu comentário ontem e não dei pitaco ao pitaco (adorei, hehe) porque eu fiquei pensando sobre o que você disse sobre os psicólogos.
    Eu confesso que pensei fazer uma observação no post sobre o fato de que ser psicológa (e não me dedicar a Psicologia) me põe em cada aperto que só outro psicólogo pode imaginar.
    É um tal de perguntas descabidas; entro em cada fria... Como se devêssemos ter a resposta para os dilemas da vida e a saída de todos os problemas da existência humana. E, claro, com a esperança de resposta imediata. Desisti de recomendar terapia: percebi que, ao não responder o que querem no mesmo instante, pensam eu não valho pra isso. E se eu não valho pra isso, o resto dos psicólogos serão todos igualmente incompetentes.
    É exaustivo, não é não?!

    ReplyDelete
  4. Ô se é! e a psicologia ainda é cercada de misteriozinhos e coisinhas que fazem as pessoas pensarem que temos essa prepotência toda de conseguir sacar o que se passa com a mente alheia. cansa e cansa demais. mas tb acho que é culpa dos próprios psicólogos que se acham com essa possibilidade, sabe. é difícil se fazer entender que ánálise é mais do que ouvir e blah blah blah

    ReplyDelete
  5. Estou de acordo com você. :P
    Thanks again, honey!

    ReplyDelete
  6. Como boa ouvinte desde criança, aprendi a sempre ouvir mais do que falar e em razão disso, as pessoas acreditam piamente que eu posso dar respostas certas porque tenho formação em Psicologia.
    Eu nunca trabalhei com isso. Concordo com a Pri "isso é o caso de um desespero, quando sabemos o que deve ser feito e mesmo assim perguntamos (porque de fato não gostaríamos de fazer o que seria o "correto")." - As pessoas sabem o que fazer, pedem opinião(pitaco), mas não seguem na maioria das vezes. Já fiz taaaanto isso...rs
    Mas aprendi a não falar se não for solicitada, não falar demais, e isso só me faz bem.

    ReplyDelete
  7. Concordo plenamente! Acredito (infelizmente) que sempre pessoas assim estarão por perto! Ah, e elas nem tem um "botãozinho" de desliga..
    Continue escrevedo, compartilho das suas idéias sempre!! É sempre bom saber que o que acontece comigo acontece com outras pessoas!!!

    Beijos

    ReplyDelete
  8. A verdade é que muitas vezes pedimos conselhos para justamente não dar a menor bola a eles! Justamente pelo prazer sado-masoquista de ouvir alguém falar "não te disse?".

    Por outro lado, a vantagem de se levar um conselho adiante é que se algo der errado você pode falar "a culpa é sua".

    Pessoalmente, eu sigo a máxima "Deus de a vida para cada um cuidar da sua." Ou "Deixa eu cuidar da minha saúde porque da minha vida tem muita gente cuidando."

    Mas mesmo assim, adoro os seus conselhos! =)

    ReplyDelete
  9. Hahaha adorei, doug!
    Realmente, tá cheio de gente meio masô que curte escutar um "não te disse"? Conheço pelo menos um que não dá, viu..
    Um beijo!

    ReplyDelete
  10. Se eu puder te dar um conselho, leia esse texto aqui: http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-49/tipos-brasileiros/o-louco-de-palestra?utm_source=revistapiaui&utm_campaign=share&utm_medium=facebook&utm_content=http%3A%2F%2Frevistapiaui.estadao.com.br%2Fedicao-49%2Ftipos-brasileiros%2Fo-louco-de-palestra

    ReplyDelete
  11. Ui, Rô. Isso não é conselho; é uma grande dica digna de divulgação. Gostei muito, obrigada.

    “Não tomo cerveja com gente morta. Na verdade, nem tomo cerveja.” (morri de rir)

    Beijoca!!

    ReplyDelete

You know the drill. Please leave your message after the "beep". Beep!